Intervenções XIII: David Magila
Museu Lasar Segall - 2021
Kauptukai
Fundação Ema Klabin -2019
Frequentes Conclusões Falsas
Galeria Janaina Torres -2019
Intervenções XIII: David Magila
Museu Lasar Segall - 2021
Kauptukai
Fundação Ema Klabin -2019
Frequentes Conclusões Falsas
Galeria Janaina Torres -2019
Intervenções XIII: David Magila
Museu Lasar Segall - 2021
Kauptukai
Fundação Ema Klabin -2019
Frequentes Conclusões Falsas
Galeria Janaina Torres -2019
Tudo é dissimulado
23º Festival Cultura Inglesa - 2019
Tudo é dissimulado
23º Festival Cultura Inglesa - 2019
Tudo é dissimulado
23º Festival Cultura Inglesa - 2019
Como vencer o Morro
Galeria Mamute - 2017
Meio-fio
Oma Galeria - 2016
No quase platô
Museu de Arte de Ribeirão Preto - 2016
Tudo pelas Beiradas
Galeria Contempo - 2015
Como vencer o Morro
Galeria Mamute - 2017
Meio-fio
Oma Galeria - 2016
No quase platô
Museu de Arte de Ribeirão Preto - 2016
Tudo pelas Beiradas
Galeria Contempo - 2015
Como vencer o Morro
Galeria Mamute - 2017
Meio-fio
Oma Galeria - 2016
No quase platô
Museu de Arte de Ribeirão Preto - 2016
Tudo pelas Beiradas
Galeria Contempo - 2015
DAVID MAGILA
Frequentes Conclusões Falsas
Frequent False Conclusions
Ricocheteios
Ricochets
Iscas
Baits
Tudo é dissimulado
Everything is Artificial
Kauptukai
Kauptukai
Pintura Mural
Mural Painting
Desenhos
Drawings
Capiroskas
Capiroskas
Simples figuração
Simple figuration
Aspectos da Cabotagem
Aspects of Cabotage
Jogo sujo, jogo muito sujo
Dirty game, very dirty game
Intervenções XIII: David Magila
Giancarlo Hannud - 2021
Uma Pintura feita de Escombros e Memórias
Maria Hirszman - 2019
Frequentes Conclusões Falsas
Taisa Palhares - 2019
Tudo é dissimulado
Tiago Santinho - 2019
Intervenções XIII: David Magila
Giancarlo Hannud - 2021
Uma Pintura feita de Escombros e Memórias
Maria Hirszman - 2019
Frequentes Conclusões Falsas
Taisa Palhares - 2019
Tudo é dissimulado
Tiago Santinho - 2019
Entrevista
Galeria Janaina Torres - 2018
Entrevista
Galeria Janaina Torres - 2018
Como vencer o Morro
Mario Gioia - 2017
Como vencer o Morro
Mario Gioia - 2017
Meio-fio
Sarah Rogieri - 2016
Meio-fio
Sarah Rogieri - 2016
No quase platô
Mario Gioia - 2016
No quase platô
Mario Gioia - 2016
Tudo pelas Beiradas
Ricardo Resende - 2015
Tudo pelas Beiradas
Ricardo Resende - 2015
E tudo isso pra sua proteção
Vinte sacos de areia repousam sobre o chão duro de uma praia, numa tentativa que se desenha fracassada, de antemão, caso os volumes tiverem a função de servir para resguardar alguém (ou algo) das intempéries do mar. E o oceano predomina, se impõe, com vagas ruidosas, incessantes, brutas.
Improviso, vídeo de David Magila que abre Como vencer o morro, primeira individual do artista paulista em Porto Alegre, salienta a chave poética que perpassa todas as pinturas, vídeo e tridimensional apresentados atualmente na Mamute. A atmosfera de um quase desastre, de um descontrole que nos ladeia, de estruturas delgadas que podem se revelar quebradiças com um movimento em falso, tais componentes ajudam a sedimentar um clima de melancolia de difícil reversão. Em tempos de obscurantismo em diversos âmbitos, o corpus construído e à mostra pelo artista hoje não deixa de nos lançar temores, e eles estão longe de serem infundados.
Assim, Como vencer o morro se constitui numa tentativa ainda com mais persistência de trânsito entre as linguagens visuais, opção de Magila que já aparecia com força em individuais anteriores. Por exemplo, o tridimensional Iscas 3 retoma o fazer escultórico do artista, mas em sintonia com o dado de fragmentação que é evidente na produção. Na exposição No quase platô, exibida no Marp em 2016, a telha algo rota já estava presente, com sua existência anunciada entre a integridade e o desmanche, e hoje, junto de Improviso, configura ainda mais o trajeto arriscado da obra do artista entre o ideal e a concretude, a harmonia e a instabilidade, o projeto/programa e as necessidades básicas e diretas do agora.
“A aceitação de uma realidade caracterizada pela dispersão e pela diferença, pela soma, pela sobreposição e pelo choque entre peças e fenômenos conduz a sistemas que nada mais são do que uma recomposição de fragmentos”1 , assevera o crítico de arquitetura e urbanismo Josep Maria Montaner.
Em um dos espaços expositivos da galeria gaúcha, encontramos telas de Magila com sua assinatura característica, a de um forte fundamento gráfico. Há então, desenho, com um procedimento de decalque, via papel carbono, que se manifesta indicialmente e que podemos notar apenas observando de perto suas pinturas. Existe, também, algo do procedimento matriz/múltiplo, pois uma imagem pode servir a mais de uma obra final e remete a métodos empregados pela gravura. E as composições finais dos quadros podem resultar de um tipo de mashup, em que o artista utiliza imagens extraídas de distintas fontes – há, portanto, pensamento de colagem e de fotografia.
As pinturas da série Frequentes conclusões falsas e Ricocheteios, notamos, são fundamentadas em bases híbridas e não estanques. Magila hoje passeia por escalas diversas – neste recorte, os pequenos formatos voltaram com Ricocheteios -, fixação no bidimensional e nas possibilidades dentro dele – o pictórico cada vez faz mais permutas e outras combinações em seu próprio campo – e ampliação de gestos, abordagens e investigações pelo diálogo com o espaço, com o volume e com o audiovisual (ou seja, com uma imagem expandida).
Traço realçado de Como vencer o morro é a ideia de proteção, apresentada de modos variados e como um conceito de parca solidez. A fragilidade do silicone e da argila de Iscas, o azul ensacado de Improviso, prestes a ser solapado por algo que se anuncia cada vez mais intenso, a vegetação em forte inclinação e as perspectivas esvaziadas das telas, todos são elementos que destacam como a segurança de ferramentas que inventamos e utilizamos à exaustão é esquálida, finita, se move para a ruína.
“Será verdade, será que não/ Nada do que eu posso falar/ E tudo isso pra sua proteção/ Nada do que eu posso falar”, já cantava Philippe Seabra em Proteção, faixa de O concreto já rachou (1985), do pós-punk oitentista brasiliense do Plebe Rude. A vigorosa canção, hoje perdida em VHS arquivados ou em registros menos vivazes, dizia muito sobre o espírito de tempo das grandes cidades à época, ainda nos primeiros passos da Nova República. A urbe mostrada (sem comentários literais e opções gritantes) por Magila, agora, traz esse tecido comum ainda mais esgarçado. “Até quando o Brasil vai poder suportar?”, cantava, em protesto, Seabra. Como vencer o morro talvez tenha ainda mais questionamentos do que uma resposta definitiva à indagação rascunhada faz décadas.
Mario Gioia, outubro de 2017
1. MONTANER, Josep Maria. Sistemas Arquitetônicos Contemporâneos. Barcelona, Gustavo Gili, 2009, p. 148